
Mergulho no silêncio do escuro
e sinto a saudade.
O manto negro da noite chega
e cobre de murmúrio a cidade.
A garrafa vazia na mesa
vai-me dizendo que é tarde.
E o gosto amargo da bebida
sabe-me a fogo que ainda arde.
Às vezes temos que dar um passo atrás
para ver melhor a dimensão de tudo.
Demasiado longe o coração não vê
e demasiado perto eu sei que me iludo.
E é longa a noite perdida de insónia eterna
onde a luz do teu sorriso não me larga.
O chão molhado reflecte neons da noite fria
e longo é o silêncio da noite que me amarra e me amarga.
E nunca tem fim…
E nem as folhas que morrem ao vento,
nem os homens sós que dormem ao relento,
nem toda a dor do mundo em sofrimento,
consegue ser maior que este lamento em mim…
que nunca tem fim.
Autoria de João Natal
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